quarta-feira, 3 de agosto de 2016

03/08 - Dia da Capoeira, parabéns a todas e todos capoeiristas cubatenses!!!


A Lei ordinária nº 3.794 de 28 de junho de 2016 institui no calendário oficial do município de Cubatão, o "Dia Municipal da Capoeira".
Capoeira é uma manifestação cultural presente hoje em todo o território brasileiro e em mais de 150 países, com variações regionais e locais criadas a partir de suas “modalidades” mais conhecidas: as chamadas “capoeira angola” e “capoeira regional”. Os principais aspectos da capoeira, como prática cultural desenvolvida no Brasil, são o saber transmitido pelos mestres, como reconhecidos por seus pares, e a roda, onde a capoeira reúne todos os seus elementos e se realiza de modo pleno.
Desde 15 de julho de 2008 é reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.
O plano de preservação, conseqüente do registro, prevê as seguintes medidas de suporte à comunidade capoeirística: um plano de previdência especial para os velhos mestres; o estabelecimento de um programa de incentivo desta manifestação no mundo; a criação de um Centro Nacional de Referência da Capoeira; e o plano de manejo da biriba – madeira utilizada nafabricação do instrumento – e outros recursos naturais, dentre outras.
Entendem-se por patrimônio cultural imaterial representações da cultura brasileira, as práticas, as formas de ver e pensar o mundo, as cerimônias (festejos e rituais religiosos), as danças, as músicas, as lendas e contos, a história, as brincadeiras e os modos de fazer (comidas, artesanato, etc.), junto com os instrumentos, objetos e lugares que lhes são associados – cuja tradição é transmitida de geração em geração pelas comunidades brasileiras. Com a inclusão da capoeira, já existem 14 bens culturais registrados no Brasil.
Em 26 de novembro de 2014, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), declarou a roda de capoeira como sendo um patrimônio imaterial da humanidade. De acordo com a organização, a capoeira representa a luta e resistência dos negros brasileiros contra a escravidão durante os períodos colonial e imperial de nossa história.
O eminente etnógrafo Waldeloir Rêgo conta que o vocábulo Capoeira foi registrado pela primeira vez em 1712, no Vocabulário Português e Latino, de Rafael Bluteau e, por volta de 1813, no Dicionário da Língua Portuguesa. Nos idos de 1880, José de Alencar e Macedo Soares propunham que o vocábulo vinha do tupi-guarani caa-apuam-era, ilha de mato cortado, enquanto que Beaurepaire propunha simplesmente o guarani caá-puera, mato miúdo que nasceu no lugar de mato virgem, que foi cortado.
Quanto ao termo, no sentido do jogo de capoeira, as suposições são as mais variadas por se dizer que o negro fujão caiu na capoeira, ou que o escravo foragido procurava a capoeira mato ralo onde poderia movimentar-se com mais facilidade para libertar-se do capitão-do-mato.
            Nos anos de 1890, 1891 e 1904, a capoeira sofreu perseguição quando o Marechal Deodoro da Fonseca decretou a Lei nº 847, que dizia que “a partir de 11 de outubro de 1890 todo capoeirista pego em flagrante seria desterrado para a Ilha de Fernando de Noronha por um período de dois a seis meses de prisão. Parágrafo único: É considerada circunstância agravante pertencer a capoeira, a alguma banda ou malta, aos chefes impor-se a pena em dobro”, considerando a capoeira como delito.
            Em 1940, com o Decreto 2848 que instituiu o novo Código Penal Brasileiro, não temos mais citada a capoeira como atividade ilítica. A partir desta data o uso da palavra "capoeira" e da prática do esporte/arte/luta foi liberado.
Em 1941, com o Decreto 3.199, assinado pelo presidente à época Getúlio Vargas, o qual estabeleceu as bases da organização dos desportos no Brasil, foi constituí­da a Confederação Brasileira de Pugilismo que já na fundação teve o Departamento Nacional de Luta Brasileira (Capoeiragem), sendo embrião da Confederação Brasileira de Capoeira. Este foi o primeiro reconhecimento desportivo oficial da modalidade.
            Já em 1953, O Conselho Nacional de Desportos expede a Resolução 071, estabelecendo critérios para a prática desportiva da capoeira. Este foi o segundo reconhecimento desportivo oficial. Em Salvador, Mestre Bimba e seu alunos se apresentam no Palácio do Governo para o governador da Bahia Régis Pacheco e o presidente Getúlio Vargas. Getúlio teria dito então: "a única colaboração autenticamente brasileira à educação física, devendo ser considerada a nossa luta nacional".
Em 26 de dezembro de 1972, a Capoeira foi oficializada pela Confederação Brasileira de Pugilismo, através de seu Departamento de Capoeira, e em seguida o processo foi homologado pelo Conselho Nacional de Desportos (CND), entrando em vigor no dia 01 de janeiro de 1973.
Portanto, após mais de quatro centenas de anos de proibição, marginalização e perseguições políticas, etnicorraciais e religiosas, a Capoeira chega aos nossos dias com um imensurável conteúdo artístico, filosófico, cultural e social herdado do elemento africano, que ao chegar em terras brasileiras, apesar da condição de cativo, contribuiu indiscutivelmente para a formação do povo brasileiro.
            É um exercício que une agilidade, força, flexibilidade e equilíbrio e é a única modalidade de luta marcial que é acompanhada de música. Os principais instrumentos usados na roda de capoeira são o berimbau, o pandeiro, o atabaque, o caixixi e outros como o ganzá e o agogô.
Importante ressaltar que a  origem da data escolhida, e imensamente reconhecida Brasil afora – apesar de outras datas em outros entes federativos também celebrarem a Capoeira -, deve-se ao fato de que fora nesse dia que o Governo do Estado de São Paulo criou a lei nº 4.649, de 1985, que instituiu o Dia do Capoeirista e que hoje é respeitada e considerada em todo o Brasil, e até em outros países do mundo, por mestres e praticantes.

Algumas linhas sobre a História da Capoeira em Cubatão

Em Cubatão os primeiros registros da Capoeira datam da década de 70, através de ex-alunos de Mestre "Corisco", como Espaguete, Carlinhos, Caveira, Dão, Carneiro, que  se reuniam nos finais de semana e formavam rodas de rua onde um ensinava o outro.
Porém foi somente em 1979 que Cubatão teve sua primeira academia de Capoeira, que tinha como responsável o Senhor Jorge Afonso de Paula conhecido como Mestre Carvoeiro, ele chega vindo de Santos onde aprendeu a Capoeira com o Mestre Corisco, um dos responsáveis pelo aparecimento da Capoeira na Baixada Santista em meados dos anos 70.
Mestre Carvoeiro ministrava aulas de Capoeiragem um projeto chamado Pelourinho Primec que ficava na extinta Vila Parisi, e com o tempo deixou o aluno José Geraldo de Oliveira cordão verde na época como responsável pelas

aulas.
            Em 1981, Geraldo passa a treinar com o Antonio Carlos de Lima - Mestre Liminha, e monta a Associação de Capoeira Meninos Guerreiros. Após alguns anos Mestre Liminha forma Geraldo a Mestre, e pouco tempo depois Mestre Liminha muda para a Suíça com o intuito de expandir o seu Grupo e dar continuidade em seu trabalho com a Capoeira.

Outros Grupos de Capoeira também se formaram em Cubatão, como o Grupo Pelourinho que tem como responsável Mestre Castrol, Grupo Brasil Folclore que tem como responsável Mestre Barbosa e hoje, quase 40 anos depois dos primeiros movimentos desta arte em solo cubatense, a Capoeira ainda encanta e ensina aos municípes o legado ancestral da africanidade que nos forma.
Em Cubatão, as sementes dos Velhos Mestres estão enraizadas firmes como as raízes de um grande Baobá, introduzida em Centros Comunitários, Sede de Melhoramentos, Escolas, Centros Esportivos e em qualquer outro local que se disponha a abrir as portas para as diversas associações que fazem de Cubatão uma referência regional quando o assunto é Capoeira.
Podemos dizer que a Capoeira fez de Cubatão um dos seus principais berços, pois vários grupos estão instalados realizando sérios e importantes trabalhos de valorização e preservação da cultura africana e afrobrasileira,  mantendo viva a nossa Cultura e suas raízes.

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